AMAR O NOMEEu quero um amor
Que não tenha a forma
Nem a característica de amor.
Eu quero algo que me de trabalho,
Quero sofrer, cumprir o ritual das cruzes,
Para provar a esse amor que vai chegar,
Que amor é uma palavra,
Que identifica uma imagem,
Que se venera, que se põe flores,
Que por ela se sofre as dores,
Os vapores das febres mais fortes.
Que amor é como gente,
Que se insinua, em nomes diferentes,
Que cuja essência é bem pequena,
Que há de se misturar à água,
E diluir-se em lágrimas,
Para então jorrar perfume.
Chamo-te amor, costume,
Da gente já habituado,
A andar pra traz, A
cair pelas valas, sofredor,
De compor versos e dá-los errado,
Ofertando a um nome,
Não a uma graça,
Como não te apresentas.
Eu quero um amor,
Para chamá-lo dor,
Para pedi-lo, por favor,
Para mandá-lo buscar flores,
Para apelidá-lo de ardor.
Eu quero um amor,
Que não seja amor,
Seja o que se chama, amar.

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